A antiga Escola Primária do Carvalhal, em Tondela, deverá voltar a abrir no próximo ano lectivo para dar a conhecer aos mais novos e recordar aos mais velhos as salas de aulas do tempo do Estado Novo.
Este é já o terceiro ano lectivo em que alunos do 12.º ano da disciplina Área Projecto se dedicam ao que virá a ser um pólo do Museu Terras de Besteiros, que mostrará uma escola bem diferente das que existem na era dos computadores Magalhães e dos quadros interactivos. "Este projecto foi sugerido ao município por uma turma da secundária de Tondela. No ano passado, passou para outra turma da mesma escola e este ano, fruto da mobilidade da professora, passou para o 12.º A da escola secundária e 3.º ciclo de Molelos", contou à Lusa o chefe de divisão da Cultura da autarquia, Hélder Abraços.
Desde então, os alunos têm-se dedicado a este projecto, intitulado Memórias Vivas, e têm recolhido diversos objectos junto da população. Hélder Abraços contou que os alunos já fizeram entrevistas sobre a tradição oral, filmadas, e uma recolha de canções que eram entoadas no recreio, que foi até alvo de uma pequena publicação. "Este ano, vão fazer um levantamento fotográfico de todas as escolas antigas do concelho, com ênfase na do Carvalhal", avançou.
Os 19 alunos deste ano vão também, em grupos, deslocar-se regularmente às Reservas do Museu Terras de Besteiros, a funcionar na freguesia de Nandufe, para trabalharem na conservação e restauro dos objectos recolhidos, nomeadamente as carteiras (mesas de trabalho dos alunos). "Já temos uma dezena de carteiras, com o auxílio da Casa do Povo de Campo de Besteiros, com quem vamos fazer um protocolo de cedência", acrescentou.
Hélder Abraços referiu que o objectivo do projecto é "reconstituir o melhor possível uma sala de aulas rural, porque as gerações actuais não têm noção de como era o ambiente, que não tem nada a ver com o actual", dando como exemplo a temida régua que estava sempre a postos para castigar os alunos que se portassem mal.
